Castelo de Choisy

Coordenadas: 48° 45' 46.50" N, 02° 24' 32" O

Choisy, o parterre em frente ao Sena, numa gravura de Gabriel Pérelle

O Château de Choisy foi um palácio francês, que serviu por vezes de Residência Real, situado na comuna de Choisy-le-Roi Departamento de Val-de-Marne, não muito distante de Paris. À comuna foi dado o presente nome por Luis XV, quando ele comprou a propriedade de Choisy e o seu palácio em Outubro de 1739.

A Duquesa de Montpensier

O local tinha sido comprado bem antes de 1680[1] por uma prima direita de Luis XIV, Anne-Marie-Louise d’Orléans, Duquesa de Montpensier, que gastou 40.000 livres na compra da propriedade, e alterou totalmente o belo bloco central existente. De acordo com as suas Memórias, mandou construir um novo edifício com os planos de Jacques Gabriel "que fez a minha casa para a minha moda", referiu Mademoiselle Montpensier, "sem qualquer ornamento ou 'arquitectura'", uma asserção que faz vista grossa aos enriquecimentos esculturais que Étienne Le Hongre fez no frontão. O gosto de Mademoiselle de Montpesier dominava: este estilo autoritário pode ser detectado no desenho do jardim de Le Nôtre, o qual é completamente constituido por estrutura autónomas incaracterísticas sem um esquema unificador. O Château de Choisy estava localizado numa elaborada série de jardins feitos por André Le Nôtre. Ele foi chamado a Choisy antes de edificios existentes terem sido varridos e achou o local muito contido por florestas: "Ali só se vê a margem do rio através das trapeiras," disse ele ao rei, e aconselhou Mademoiselle de Montpensier a começar por esta vil situação "deitando abaixo todos os bosques que existem ali".[2] As vistas para o rio eram o principal e Mademoiselle de Montpensier calculou isso como vantajoso: "Como quero a minha casa construida para passar lá os Verões, tomei medidas em ordem a que se possa ver o rio nessa estação do ano quando ele está mais baixo; da minha cama vejo-o e todos os barcos que passam.

O palácio perdido pode ver-se hoje através das gravuras de Pierre-Jean Mariette, Gabriel Pérelle e Pierre Aveline. Os seus interiores estão bem descritos nas Mémoires da Grande Mademoiselle.

Luis XV

Os jardins de Choisy, como André Le Nôtre os desenvolveu, durante a ocupação da Princesa de Conti.

O palácio passou em 1693 para o Grande Delfim da França (1661-1711), que fez algumas modificações interiores antes de trocá-lo, em 1695, pelo Château de Meudon, mais acessível desde Versailles. Em 1716, foi vendido a Marie-Anne de Bourbon (1666-1739), Nobre Princesa de Conti, a filha legitimada de Luis XIV e Louise de La Vallière.

Apesar de ter perdido os bosques que o rodeavam em favor de parterres com o Sena como pano de fundo e bosquetes pontuados por estatuária, a caça era abundante na vizinha floresta de Senart, a motivação inicial do Rei para comprar Choisy. O Rei ampliou o palácio a partir de 1740, sob a direcção de Ange-Jacques Gabriel, premier architecte du Roi (primeiro arquitecto do Rei). Choisy estava apto a ser habitado em 1741. O bloco central foi dobrado em profundidade à maneira moderna; foi adicionado um teatro e os estábulos foram substancialmente alargados; o belo laranjal de Mademoiselle de Montpesier foi reconstruido e no seu "salon" central foi instalado em 1752 o "Amor aponta a sua flecha desde o clube de Hércules" de Edmé Bouchardon.[3] Foi adicionado um pavilhão de banho, e por cima de tudo foi desenhado o Petit Château para providenciar um refúgio íntimo a Luis XV e Madame de Pompadour. Os trabalhos continuaram numa série de campanhas pelo menos até 1777, apesar de Luis XV ter perdido o interesse em Choisy depois da morte de Pompadour. Existem pequenos documentos preciosos do interior, salvo uma secção de Gabriel datada de 1754, do Salão Circular e Vestíbulo no Pavillon Particulier du Roi, o Petit Château: "mostram um carácter soberbo' refere Fiske Kimball: 'a entrada é um arco oval contínuo coroado com conchas e espirais, mas guarnecida… com os bouquêts de cascas então recentemente na moda" (Kimball p.207).

O Château de Choisy nos tempos de Luis XV, vista da entrada numa gravura de Jacques Rigaud

Os mobiliários de Choisy foram intencionalmente mantidos simples. A mesa de escrita usada pelo Rei em Choisy, entregue pelo ebanista real Antoine Gaudreau em 1744, apesar dos seus ursos em bronze dourado, não é maior que a maior parte das mesas dos aristocratas da época.[4][5]

Lambert Sigisbert Adam teve pouca sorte, com um busto de mármore que fez de Luis XV como Apolo, datado de 1749, o qual Adam exibiu no Salon de 1745 e que foi, por sua própria iniciativa, colocado na Galerie de Choisy, a qual era para ser decorada com uma série de decorativas "Consquistas de Luis XV", por Charles Parrocel. O projecto, talvez demasiado grandioso para o refúgio real, não deu em nada, e Adam sobressaiu por pedir 7000 luises pelo busto; a reacção do Reiem Setembro de 1762 não se fez esperar. Declarou que não queria ver o busto em Choisy na sua próxima visita e que Adam deveria empacotá-lo e levá-lo.

O Petit Château de Gabriel
O Château de Choisy nos tempos de Luis XV, visto desde o jardim numa gravura de Jacques Rigaud

A circundante paróquia recebeu um influxo de negócios devido à presença Real, além de uma nova igreja paroquial. Para festas no rio em Choisy, o rei importou gôndolas de Veneza. Depois da morte do Rei, Maria Antonieta veio frequentemente para Choisy, apesar de na época da compra do Château de Saint-Cloud aos Orleães, ter sido brevemente sugerido que Choisy seria parte da troca.[6] Luis XV instalou em Choisy o retrato que encomendou a François-Hubert Drouais de Maria Antonieta como Dauphine, em 1773.[7] Em 1777, quandoa Raínha desejou construir um pequeno teatro em Versailles para catuações privadas às quais ela se juntava, instruiu o arquitecto Richard Mique para tomar como modelo o teatro de Choisy construido por Gabriel para a Madame de Pompadour; como resultado, o teatro, finalizado em 1779, apesar do modesto e profusamente Neo-clássico no exterior, tem um interior inesperadamente Rococó para a época.[8]

Final inglório

O palácio e o petit château eram residências reais; por isso, aquando da Revolução Francesa quando a comuna se tornou Choisy-sur-Seine, o palácio foi confiscado como bien national (bem nacional), esvaziado dos seus conteúdos em leilões (parte das vendas revolucionárias), os seus terrenos divididos em lotes e individuais e igualmente vendidos. Os edifícios caíram no abandono e foram demolidos pouco a pouco durante o século XIX. Actualmente tudo o que resta é um canal seco e dois pavilhões flanqueando ao antigo cour d'honneur (pátio de honra), além de uma fila de edifícios da antiga ala de serviço.

Notas

  • «Marie-Emmanuelle Plagnol-Diéval et al., "Théâtres de société"» 
  • «Super menu de Luis XV em Choisy, 17 Agosto 1757» 
  • Fiske Kimball, The Creation of the Rococo (Philadelphia) 1943.

Referências

  1. Mémoires of Mlle de Montpensier, part iii, chapter 2: 1680: "Toute ma vie j'avois eu envie d'avoir une maison auprès de Paris...". The allées she had planted were already "coming along very well" by the time she wrote the memoire under the year 1680.
  2. Memoires of Mlle de Montpesier, part iii, chapter 2: 1680
  3. [1]
  4. Les attributs de la Musique
  5. Les atributs de l'Art
  6. [2]
  7. [3]
  8. Versailles: Le théâtre de la Reine"


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