Quantização (física)

Em física, uma quantização é um procedimento matemático que atribui um valor específico a um sistema físico; assim contrariando a ideia de que determinadas unidades, como energia e carga elétrica, eram continuas.

Definição formal

Concretamente dada a descrição hamiltoniana de um sistema clássico mediante uma variedade simplética ( M , ω ) {\displaystyle ({\mathcal {M}},\omega )} pode ser definida[1] formalmente o processo de quantização como a construção de um espaço de Hilbert H {\displaystyle {\mathcal {H}}} tal que ao conjunto de magnitudes físicas ou observáveis medíveis no sistema clássico f i {\displaystyle f_{i}\,} se assinala um conjunto de observáveis quânticos ou operadores auto-adjuntos f ^ i {\displaystyle {\hat {f}}_{i}} tais que:

  1. ( f i + f j ) ^ = f ^ j + f ^ j {\displaystyle (f_{i}+f_{j}){\hat {}}={\hat {f}}_{j}+{\hat {f}}_{j}}
  2. ( λ f i ) ^ = λ f ^ j λ R {\displaystyle (\lambda f_{i}){\hat {}}=\lambda {\hat {f}}_{j}\qquad \lambda \in \mathbb {R} }
  3. { f i , f j } ^ = i [ f ^ i , f ^ j ] {\displaystyle \{f_{i},f_{j}\}{\hat {}}=-i[{\hat {f}}_{i},{\hat {f}}_{j}]}
  4. 1 ^ = I H {\displaystyle {\hat {1}}=I_{\mathcal {H}}}
  5. Os operadores de posição q ^ i {\displaystyle {\hat {q}}_{i}} e seus momentos conjugados p ^ i {\displaystyle {\hat {p}}_{i}} atuam irreduzivelmente sobre H {\displaystyle {\mathcal {H}}} .

Onde I H {\displaystyle I_{\mathcal {H}}} é a aplicação identidade sobre o espaço de Hilbert assinado ao sistema, { , } {\displaystyle \{\cdot ,\cdot \}} é o parênteses de Poisson e [ , ] {\displaystyle [\cdot ,\cdot ]} é o comutador de operadores.

Pelo teorema de Stone-von Neumann a condição (5) implica que os graus de libertade de deslocamento nos obrigam a tomar H L 2 ( R n ) {\displaystyle {\mathcal {H}}\approx L^{2}(\mathbb {R} ^{n})} e um operador é multiplicativo e outro derivativo. Assim usam-se a representação em forma de função de onda em termos das coordenadas espaciais:

q ^ i ψ ( q i ) = q i ψ ( q i ) p ^ i ψ ( q i ) = i q i ψ ( q i ) {\displaystyle {\hat {q}}_{i}\psi (q_{i})=q_{i}\psi (q_{i})\qquad {\hat {p}}_{i}\psi (q_{i})=-i\hbar {\frac {\partial }{\partial q_{i}}}\psi (q_{i})}


Usa-se a representação em forma de função de onda em termos das coordenadas de momento conjugado:

p ^ i ψ ( p i ) = p i ψ ~ ( p i ) q ^ i ψ ( p i ) = i p i ψ ~ ( p i ) {\displaystyle {\hat {p}}_{i}\psi (p_{i})=p_{i}{\tilde {\psi }}(p_{i})\qquad {\hat {q}}_{i}\psi (p_{i})=-i\hbar {\frac {\partial }{\partial p_{i}}}{\tilde {\psi }}(p_{i})}


Sistemas quantizáveis

Um sistema hamiltoniano clássico definido sobre uma variedade simplética ( M , ω ) {\displaystyle ({\mathcal {M}},\omega )} se chama quantizável se existe um S 1 {\displaystyle S^{1}} -fibrado principal π : Q M M {\displaystyle \pi :{\mathcal {Q_{M}}}\to {\mathcal {M}}} e uma 1-forma α {\displaystyle \alpha \;} sobre Q M {\displaystyle {\mathcal {Q_{M}}}} , chamada variedade de quantização, tal que:

  1. α {\displaystyle \alpha \;} é invariante sob a ação de S 1 [ U ( 1 ) ] {\displaystyle S^{1}[\approx U(1)]}
  2. π ω = d α {\displaystyle \pi ^{*}\omega =d\alpha \;}

Um resultado recolhido em Steenrod 1951 implica que uma variedade é quantizável se a segunda classe de co-homologia satisfaz certa propriedade:

( M , ω ) {\displaystyle ({\mathcal {M}},\omega )} é quantizável se e somente se ω / h H 2 ( M , Z ) {\displaystyle \omega /h\in H^{2}({\mathcal {M}},\mathbb {Z} )} ,

ou seja, a integral da forma simplética integrada sobre uma variedade compacta de dimensão 2 é um número inteiro multiplicado pela constante de Planck. É mais naqueles casos em que existe mais de um modo de quantizar um sistema clássico, as diferentes quantizações podem classificar-se de acordo com a forma de H 1 ( M , Z ) {\displaystyle H^{1}({\mathcal {M}},\mathbb {Z} )}

Primeira quantização

Os procedimentos de primeira quantização são métodos que permitem construir modelos de uma partícula dentro da mecânica quântica a partir da correspondente descrição clássica do espaço de fases de uma partícula.

  • A quantização canônica, é um procedimento informal que assinala a magnitude física expressável em termos das coordenadas canônicas do sistema clássico, um operador obtido por substituição direta das variáveis canônicas por operadores hermíticos Pi e Qi que satisfazem as relações [Qi,Pi] = ih/2π, [Qi,Qj] = 0, [Pi,Pj] = 0 e [Qi,Pj] = 0.
  • A quantização de Weyl, é um procedimento para construir um operador hermítico sobre o espaço L 2 ( R n ) {\displaystyle L^{2}(\mathbb {R} ^{n})} para um sistema cujo espaço de fases clássico tenha uma topologia R 2 n {\displaystyle \mathbb {R} ^{2n}} . Esta técnica foi descrita pela primeira vez por Hermann Weyl em 1927.

Segunda quantização

Ver artigo principal: Segunda quantização

Os procedimentos de segunda quantização são métodos para construir teorias quânticas de campos a partir de uma teoria clássica de campos.

  • Quantização canônica, é uma extensão do procedimento de quantização canônica empregado na primeira quantização mas estendido neste caso a mais de uma partícula.
  • Quantização canônica covariante.
  • Quantização mediante integrais de caminho, proposto por Feynmann e Kac que depende de construir uma medida cotada em um espaço de Hilbert a partir do funcional de ação.
  • Quantização geométrica.
  • Aproximação variacional de Schwinger.

Referências

  1. Abraham & Marsden, 1985.

Bibliografia

  • Abraham, R. & Marsden (1985): Foundations of Mechanics, ed. Addison-Wesley, ISBN 0-8053-0102-X.
  • M. Peskin, D. Schroeder, An Introduction to Quantum Field Theory (Westview Press, 1995) [ISBN 0-201-50397-2]
  • Weinberg, Steven, The Quantum Theory of Fields (3 volumes)
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