António de Sousa Meneses

Antônio de Sousa de Meneses, alcunhado Braço de prata, foi um administrador colonial português. Tomou posse em maio de 1682 no Governo do Estado do Brasil.[1]

Tinha avançada idade depois de longa carreira militar. Usava um braço artificial em substituição ao direito, perdido no combate da armada do conde da Torre, na Paraíba. Assim o retratou Gregório de Matos, que o caracterizou como típico administrador português colonial, voltado para seus interesses particulares em detrimento do interesse público.

Seu governo foi bastante impopular, combatido pelos grupos de maior prestígio social, censurado por seu comportamento arbitrário e violento. Proibiu o antigo costume dos embuçados, homens que saíam à noite enrolados em suas capas, hábito na cidade de Salvador, irritando a população mais jovem. Esteve no centro dos conflitos que em 1682 opuseram as duas principais facções políticas da cidade: ao lado do alcaide-mor Francisco Teles de Menezes, acabou atraindo para si rancor de vários oficiais régios, em especial do Secretário do Governo, Bernardo Vieira Ravasco, irmão do Padre Antônio Vieira; do provedor da Alfândega André de Brito de Castro, de diversos capitães e vereadores da Câmara.

Determinou primeiramente devassa na administração da provedoria da Alfândega, identificando a possibilidade de mau uso do cargo por parte de André de Brito de Castro, substituindo-o por um primo de Francisco Teles de Menezes. Seguiram-se novas agressões, então contra o secretário de Governo e outros oficiais, retirados de seus ofícios sem explicações. Alguns optaram por se recolher ao Colégio dos Jesuítas, temendo prisão, entre eles Ravasco. O conflito se acirrou com a emboscada feita pelo sobrinho do alcaide-mor contra o irmão do provedor da Alfândega, o que gerou reação da facção contrária, desta vez integrada pelo próprio André, contra o alcaide-mor Teles de Menezes, que nesta contenda tombou morto.

Os agressores se refugiaram no Colégio dos Jesuítas. Ravasco acabou preso e, junto com o irmão, Padre António, acusado de conspiração. A devassa do crime foi feita inicialmente pelo ouvidor-Geral Manuel da Costa Palma, amigo do alcaide-mor falecido, parente do Governador, gerando tumulto.

Foi substituído pelo Desembargador João da Rocha Pita, que mandou soltar Ravasco e o isentou, e ao irmão, de qualquer culpa. Mas Gonçalo Ravasco, filho de Bernardo, que fugira para o Reino, apresentou à Corte sua versão, reforçada por cartas do Padre. O desfecho foi-lhes favorável. O Governador foi substituído pelo Marquês das Minas, em 1683, e obrigado a regressar imediatamente.

O secretário de Governo foi reconduzido ao cargo, recuperando os anteriores proveitos. O processo sobre a morte do alcaide se arrastou até 1692, quando Antônio de Brito de Castro foi perdoado por intervenção de Antônio Vieira.

Ver também

Referências

  1. Fontan, Ivonilton Alves (2020). Da Descoberta ao Império - Os Governantes que o Brasil Esqueceu. Teresópolis, RJ: Clube de Autores 

Precedido por
Roque da Costa Barreto
Governador-geral do Brasil
1682 - 1684
Sucedido por
António Luís de Sousa Telo de Meneses


  • v
  • d
  • e

Tomé de Sousa Duarte da Costa • Mem de Sá Luís de Brito e Almeida António Salema Lourenço da Veiga Junta Governativa: Cosme Rangel de Macedo - António Barreiros Manuel Teles Barreto Junta Governativa: António Barreiros - Cristóvão de Barros - António Coelho de Aguiar • Francisco de Sousa Diogo Botelho Diogo de Meneses e Sequeira • Francisco de Sousa Gaspar de Sousa Luís de Sousa Diogo de Mendonça Furtado Matias de Albuquerque Francisco de Moura Rolim Diogo Luís de Oliveira Pedro da Silva Fernando de Mascarenhas Vasco de Mascarenhas Jorge de Mascarenhas Junta Governativa Provisória: Pedro da Silva Sampaio - Luís Barbalho Bezerra - Lourenço de Brito • António Teles da Silva António Teles de Meneses João Rodrigues de Vasconcelos e Sousa Jerónimo de Ataíde Francisco Barreto de Meneses Vasco de Mascarenhas Alexandre de Sousa Freire • Afonso Furtado de Castro do Rio de Mendonça Junta governativa provisória: Agostinho de Azevedo Monteiro - Álvaro de Azevedo - Antônio Guedes de Brito Roque da Costa Barreto • António de Sousa Meneses • António Luís de Sousa Matias da Cunha Junta governativa: Manuel da Ressurreição - Manuel Carneiro de Sá • António Luís Coutinho da Câmara João de Lencastre Rodrigo da Costa Luís César de Meneses Lourenço de Almada Pedro de Vasconcelos e Sousa Pedro Antônio de Noronha Sancho de Faro e Sousa Junta governativa provisória: Sebastião Monteiro da Vide - Caetano de Brito e Figueiredo - João de Araújo e Azevedo • Vasco Fernandes César de Meneses André de Melo e Castro Luís Pedro Peregrino de Carvalho e Ataíde Junta governativa provisória: José Botelho de Matos - Manuel António da Cunha Souto Maior - Lourenço Monteiro • Marcos José de Noronha e Brito Antônio de Almeida Soares Portugal Junta Governativa Provisória: Tomás Rubi de Barros Barreto - Manuel de Santa Inês Ferreira - José Carvalho de Andrada - Barros e Alvim • António Álvares da Cunha António Rolim de Moura Tavares Luís de Almeida Silva Mascarenhas Luís de Vasconcelos e Sousa José Luís de Castro Fernando José de Portugal e Castro Marcos de Noronha e Brito