Pedro da Silva Sampaio

Pedro da Silva Sampaio
Bispo da Igreja Católica
Bispo de São Salvador da Bahia de Todos os Santos
Atividade eclesiástica
Diocese Diocese de São Salvador da Bahia de Todos os Santos
Nomeação 6 de setembro de 1632
Entrada solene 19 de maio de 1634
Predecessor Miguel Pereira
Sucessor Frei Estêvão dos Santos, C.R.S.J.E.
Mandato 1632-1649
Ordenação e nomeação
Ordenação presbiteral 1598?
Nomeação episcopal 6 de setembro de 1632
Ordenação episcopal fevereiro de 1633
por Francisco de Castro
Brasão episcopal
Dados pessoais
Nascimento Guarda
1572
Morte Salvador
15 de abril de 1649 (77 anos)
Nacionalidade português
Sepultado Antiga Sé da Bahia
dados em catholic-hierarchy.org
Bispos
Categoria:Hierarquia católica
Projeto Catolicismo
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Pedro da Silva Sampaio (Guarda, 1572 - Salvador, 15 de abril de 1649) foi um bispo português, o sétimo bispo de São Salvador da Bahia de Todos os Santos e membro da junta governativa do Brasil.

Biografia

Era filho de Brás da Silva, vereador, juiz e executor régio nas comarcas da Guarda e de Pinhel, com carta de armas datada de 1578, e de sua mulher, Simoa da Fonseca. Eram seus irmãos, D. António da Silva, Tesoureiro da Casa da Índia, Padre Urbano da Silva e Francisco da Silva, este pai de D. Micaela da Silva da Fonseca, que foi sua herdeira universal.[1]

Ainda jovem, alcançou elevados graus acadêmicos, formando-se bacharel em cânones pela Universidade de Coimbra, em 21 de abril de 1594 e, em seguida, foi fazer o doutorado na Universidade de Salamanca, de onde voltou para ser incorporado na Universidade de Coimbra em 23 de maio de 1597. Finalmente tornou-se doutor em Cânones em 6 de dezembro de 1598.[1][2]

Em 4 de fevereiro de 1603, foi nomeado promotor da Inquisição de Évora e, posteriormente, em 21 de junho de 1614, deputado do mesmo Tribunal, nomeado em 9 de dezembro deste ano. Foi nomeado Inquisidor da Mesa Pequena de Lisboa em 29 de agosto de 1617 e assumiu a Mesa Ordinária da Inquisição de Lisboa em 3 de julho de 1623.[1] Foi deão da Sé de Leiria.[3]

Episcopado

Foi preconizado bispo de São Salvador da Bahia de Todos os Santos em 2 de setembro de 1632 e confirmado pelo Papa Urbano VIII em 6 de setembro, sendo consagrado em fevereiro de 1633 por Francisco de Castro, Bispo da Guarda e inquisidor-geral do Santo Ofício e chegando à diocese em 19 de maio de 1634.[1][4] Entre sua prelazia e a de seu predecessor instalado, Dom Marcos Teixeira de Mendonça, houve um lapso de 10 anos, por conta da guerra aos holandeses.[3]

Neste tempo, a diocese carecia de qualquer estrutura, sendo que a catedral da cidade ainda era de taipa, sendo que nela empregou todo o cuidado, buscando recursos com os mais abastados da vila.[3] Por seu "gênio irascível e maneiras desabridas", não gozava de prestígio junto aos moradores nem junto à Corte.[3] Foi o ordenante do padre jesuíta António Vieira, em 1634.[1]

Mandou retirar todos os párocos da Parahyba, que estavam sob os auspícios dos holandeses invasores graças a um acordo assinado em 1635, dizendo que "deveriam sair das terras dos hereges",[3] muito provavelmente dando ouvidos ao que dizia Matias de Albuquerque, vendo nessa política holandesa de complacência com os católicos como uma forma de reduzir a resistência.[5] A Mesa da Consciência e das Ordens, em Lisboa, desautorizou tal ordem e em 17 de outubro de 1635, a Coroa confirmou a decisão de desautorização.[5]

Com a Guerra da Restauração encerrada e a vitória portuguesa consolidada, viaja para Lisboa e comparece à pomposa cerimônia de coroação de Dom João IV[3] e, segundo Peixoto de Alencar, volta disposto e exercer o governo da Colônia. Assim, o governador Marquês de Montalvão foi deposto, por supostamente não ter aclamado o Duque de Bragança como Rei de Portugal.[3][6] Dessa forma, assume a presidência da junta governativa, junto com Luís Barbalho Bezerra e Lourenço de Brito Correia, até 1642.[3] Dom João IV repudiou aos governadores os "termos indignos que haviam usado contra suas reaes ordens", já que em abril de 1641, despachou pelo jesuíta Francisco Vilhena "ordens secretas para toda a contingência", pela deposição do Marquês de Montalvão, uma vez que seus filhos tomaram partido da monarquia espanhola e havia rumores de que a esposa do Vice-Rei lhe remetera uma carta induzindo o marido a continuar apoiando aos Habsburgos.[1][nota 1]

Entre 1641 e 1645, num movimento oposto ao de 1635, passou a reinserir sacerdotes nas capitanias do norte, para as freguesias do Brasil Holandês, o que ajudou na desestabilização holandesa.[1]

Morreu em 15 de abril de 1649, sendo sepultado na capela mór da Sé. Seus ossos seriam trasladados para Portugal por ordem de sua sobrinha e herdeira Dona Micaela da Silva, mas o galeão Santa Margarida, que os transportava, naufragou na altura dos Açores, o sepultando no oceano.[1][3]

Ver também

Referências

  1. a b c d e f g h Iglesias Magalhães, págs. 176-227
  2. «Pesquisa na Universidade de Coimbra». (cânones) 
  3. a b c d e f g h i Peixoto de Alencar, op. citada
  4. Catholic Hierarchy
  5. a b Vainfas, págs. 69-73
  6. Moniz Bandeira, pág. 185

Notas

  1. O próprio Marquês de Montalvão atribuiu a Dom João IV, e não às "intrigas do Bispo", a sua deposição. Em um memorial apresentado a Secretária do Despacho das Mercês, Montalvão afirmou ter sido surpreendido quando o Padre Francisco de Vilhena apresentou a Ordem Régia para o retirar do governo, enquanto esperava "grandes acrescentamentos de honras e mercês" por protagonizar a restauração no Brasil e pelos "discomodos que teve em sua casa, visto que sua esposa e filhos estavam pelos Habsburgos". Essa passagem foi citada por Iglesias Magalhães, págs. 206-207.

Bibliografia

  • Peixoto de Alencar, Carlos Augusto (1864). Roteiro dos bispados do Brasil e dos seos respectivos bispos:. desde os primeiros tempos coloniaes até o presente. Ceará: Typografia Cearense. p. 11-15. 288 páginas. Consultado em 24 de fevereiro de 2011 
  • Moniz Bandeira, Luiz Alberto (2000). O feudo: a Casa da Torre de Garcia d'Ávila : da conquista dos sertões à independência do Brasil 2 ed. Rio de Janeiro: Editora Record. p. 185. 601 páginas. ISBN 9788520005231. Consultado em 24 de fevereiro de 2011 
  • Vainfas, Ronaldo (2008). Traição: um jesuíta a serviço do Brasil holandês processado pela Inquisição. São Paulo: Editora Companhia das Letras. p. 69-73. 384 páginas. ISBN 9788535912319. Consultado em 24 de fevereiro de 2011 
  • Iglesias Magalhães, Pablo Antonio (2010). Equus Rusus (PDF). A Igreja Católica e as Guerras Neerlandesas na Bahia (1624 – 1654). Salvador: UFBA 

Ligações externas

  • «Catholic Hierarchy» (em inglês) 
  • «GCatholic» (em inglês) 

Precedido por
Miguel Pereira
Brasão episcopal
Bispo de São Salvador
da Bahia de Todos os Santos

1632 - 1649
Sucedido por
Frei Estêvão dos Santos, C.R.S.J.E.
Precedido por
Marquês de Montalvão
Presidente da junta
governativa do Brasil

1641 - 1642
Sucedido por
Antônio Teles da Silva
  • v
  • d
  • e

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