Luís António de Abreu e Lima

Luís António de Abreu e Lima
Luís António de Abreu e Lima
Nascimento 18 de outubro de 1787
Viana do Castelo
Morte 18 de fevereiro de 1871
Lisboa
Cidadania Reino de Portugal
Alma mater
  • Universidade de Coimbra
Ocupação político, diplomata
Prêmios
  • Cavaleiro da Grande Cruz da Ordem do Leão dos Países Baixos (1854)
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Luís António de Abreu e Lima (Palácio dos Abreu Távora, Viana do Castelo, 18 de Outubro de 1787 — Lisboa, 18 de Fevereiro de 1871), 1.º visconde e depois 1.º conde da Carreira, foi um político liberal e diplomata que se notabilizou pela sua ação junto dos governos europeus durante a Guerra Civil Portuguesa e na primeira fase do regime da Monarquia Constitucional Portuguesa.[1]

Biografia

Luís António de Abreu e Lima nasceu em Viana do Castelo, na Casa da Carreira ou Palácio dos Abreu Távora ou dos Viscondes da Carreira, filho de João Gomes de Abreu e Lima, Fidalgo da Casa Real, e de sua mulher D. Maria Josefa Queirós Gaioso Montenegro, fidalga galega. Era neto paterno de Diogo Gomes de Abreu e Lima ou Diogo Gomes de Távora e Abreu e de D. Ana Maria Pereira de Sottomayor (Barbeita); neto materno de Francisco António Mendes de Queirós e de D. Maria Gabriela Gaioso Aldon.

Assentou praça em 9 de Fevereiro de 1793 no 2.º Regimento de Infantaria do Porto, participando nas campanhas do Rossilhão e da Catalunha. Foi promovido a capitão em 1806 e nomeado ajudante-de-campo de António Saldanha da Gama (2.º Conde de Porto Santo), governador e capitão-general de Angola.[2] Participou como militar nos eventos que se seguiram à Revolução Liberal do Porto sendo nomeado pelo governo vintista secretário da embaixada de Portugal em Paris e posteriormente ministro em Berlim e na Holanda. De 1814 a 1815 foi adido na Legação Portuguesa no Congresso de Viena e de 1817 a 1824 secretário da Legação Portuguesa em São Petersburgo, Rússia. Foi feito cavaleiro da Ordem de São Vladimir da Rússia.[3] Em 1828, com a aclamação de D. Miguel foi demitido do cargo, permanecendo em França como exilado político.

Foi convidado pelo Marquês de Palmela para representar o partido liberal e as pretensões de D. Pedro, duque de Bragança e da sua filha, a futura rainha D. Maria II de Portugal, junto de diversos governos europeus, o que fez com grande sucesso. A sua acção diplomática foi instrumental no reconhecimento dos liberais, nomeadamente junto do governo dos Países Baixos, com grandes vantagens para a causa constitucional.[1]

O rei D. Pedro IV de Portugal nomeou-o substituto interino do Marquês de Palmela no Conselho de Regência instalado em Londres e em 1830 foi nomeado pela Regência da Terceira como ministro plenipotenciário da rainha D. Maria II em Londres, cargo que exerceu em condições particularmente difíceis e com grande sucesso diplomático até Fevereiro de 1834. Em Maio desse ano foi nomeado ministro de Portugal em Paris, cargo que exerceu até 1840.[1]

Casa da Carreira (Palácio Abreu Távora ou dos Viscondes da Carreira, da família Távora de Abreu e Lima), onde nasceu o Conde da Carreira.

Na pendência da sua estadia em Paris, enquanto enviado extraordinário e ministro de Portugal, foi descoberta em 1839 uma cópia intacta e em formidável estado de conservação da «crónica dos feitos da Guiné» de Gomes Eanes Zurara, obra que se encontrava perdida dos arquivos portugueses desde 1567[4], acantonadas na Real Biblioteca de Paris (hodiernamente Bibliothèque nationale de France), mercê dos esforços de Ferdinand Denis. Luís António de Abreu e Lima diligenciou pela primeira publicação da crónica de Zurara, já em 1841, prefaciada e anotada por Manuel Francisco de Macedo Leitão e Carvalhosa (Visconde de Santarém).[5]

Manteve-se ao serviço da Casa Real nos anos seguintes, tendo sido aio e camareiro-mor de D. Pedro V, assim como de D. Luis I, oficial-mor da Casa Real e conselheiro de Estado efectivo.[3]

Reformado como militar no posto de marechal-de-campo, a sua última missão de relevo foi o ajuste do casamento do rei D. Luís I com a futura Rainha D. Maria Pia de Sabóia, no ano de 1862.[3]

Honras[2]

O Conde da Carreira recebeu inúmeras condecorações portuguesas e estrangeiras ao longo dos anos em que serviu como diplomata:


Luís António de Abreu e Lima, Conde da Carreira

Portuguesas

Estrangeiras

Notas

  1. a b c Nota biográfica do Conde da Carreira.
  2. a b ZUQUETE, Afonso Eduardo Martins (2000). Nobreza de Portugal e Brasil. Lisboa: Edições Zairol. pp. 485–487 
  3. a b c Côrte-Real, Manuel; Sousa, Bernardo Vasconcelos e; Farinha, Maria do Carmo Dias; Labetski, Alexei; Fevereiro, Maria Isabel; Braga, Maria Luísa Ferreira; Gaspar, Diogo (2000). As relações entre Portugal e a Russia: Séculos XVIII a XX. Lisboa: António Coelho Dias, S.A. p. 82 
  4. Góis, Damião de; Guimarãis, António José Gonçálvez (1905). Chronica do prinçipe Dom Ioam: rei que foi destes regnos segundo do nome, em que summariamente se trattam has cousas sustançiaes que nelles aconteçerão do dia de seu nasçimento atte ho em que el Rei Dom Afonso seu pai faleçeo. [S.l.]: Imprensa da Universidade 
  5. «Chronica do Descobrimento e Conquista da Guiné, escrita por mandado de El-Rei D. Affonso V, sob a direcção scientifica, e segundo as instrucções do illustre Infante D. Henrique, pelo Chronista Gomes Eannes de Azurara, fielmente trasladada do manuscrito original contemporaneo, que se conserva na Bibliotheca Real de Pariz, e dada pela primeira vez á luz per deiligencia do Visconde de Carreira, Enviado Extraordinario e Ministro Plenipotentiario de S. Majestade Fidelissima na corte da França, precedida de uma Introducção, e illustrada com algumas notas pelo Visconde de Santarem, Socio da Academia real das Sciencias de Lisboa, e de um grande numero d'Academias e sociedades sabias em Hespanha, França, Italia, Inglaterra, Hollanda, Suecia, e America, etc., e seguida d'um Glossario das Palavras e Phrases Antiquadas e Obsoletas». Publicado em Paris por J.P. Aillaud, totalizando 474 pages, com o retrato no frontispício. copy online

Bibliografia

  • Luís António de Abreu e Lima, Correspondência oficial de Luís António de Abreu e Lima, actualmente conde da Carreira com o Duque de Palmela. Lisboa, Imprensa Nacional, 1871.
  • Luís António de Abreu e Lima, visconde da Carreira (editor), Memoria sobre as colonias de Portugal, situadas na costa occidental d'Africa, mandada ao governo pelo antigo governador e capitão general do reino de Angola, Antonio Saldanha da Gama, em 1814, precedida de um discurso preliminar, augmentada de alguns additamentos e notas, e dedicada, em signal de gratidão, aos eleitores do Circulo Eleitoral de Vianna do Minho, Pelo antigo ajudante d'ordens d'aquelle Governador Luís António de Abreu e Lima. Paris: Typographia de Casimir, 1839. (2 ll.), 112 pp. 8º.
  • v
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  • e

Luís Mouzinho de Albuquerque Conde de Ficalho (interino) José António Ferreira Brak-Lamy Joaquim de Sousa Quevedo Pizarro Marquês de Palmela Agostinho José Freire (interino) Marquês de Palmela (continuação) Agostinho José Freire (interino) Marquês de Loulé Cândido José Xavier (interino) Agostinho José Freire (interino) Conde de Vila Real Duque de Palmela (2.ª vez) Conde de Vila Real (2.ª vez) Duque de Palmela (3.ª vez) Marquês de Loulé (2.ª vez) Conde de Vila Real (3.ª vez) Visconde de Sá da Bandeira (interino) Marquês de Valença (não empossado) Visconde de Sá da Bandeira (continuação) Manuel de Castro Pereira • Visconde de Sá da Bandeira (2.ª vez) Barão de Sabrosa (interino) Visconde da Carreira (não empossado) Conde do Bonfim (interino) Conde de Vila Real (4.ª vez) Rodrigo da Fonseca (interino) Visconde de Torre de Moncorvo (não empossado) Rodrigo da Fonseca (continuação; inicialmente interino) Duque de Palmela (4.ª vez) Junta Provisória de Governo Duque da Terceira (interino) José Joaquim Gomes de Castro Marquês de Saldanha (não empossado) Duque da Terceira (2.ª vez; interino) Conde do Lavradio Visconde da Carreira (não empossado) Marquês de Saldanha (interino) Manuel de Portugal e Castro (interino) Ildefonso Bayard Barão da Luz Duque de Saldanha (2.ª vez) José Joaquim Gomes de Castro, 1.º Conde de Castro (2.ª vez) Duque de Saldanha (interino) José Joaquim Gomes de Castro (2.ª vez; continuação) Conde do Tojal Barão da Luz (2.ª vez; interino) António Aloísio Jervis de Atouguia Visconde de Almeida Garrett Visconde de Atouguia (2.ª vez; inicialmente interino) Marquês de Loulé (3.ª vez) Duque da Terceira (3.ª vez) José Maria do Casal Ribeiro (inicialmente interino) António José de Ávila Marquês de Loulé (4.ª vez) Visconde de Sá da Bandeira (interino) Duque de Loulé (4.ª vez; continuação) Conde de Ávila (2.ª vez) Visconde de Castro (3.ª vez) José Maria do Casal Ribeiro (2.ª vez) João de Andrade Corvo (interino) José Maria do Casal Ribeiro (2.ª vez; continuação) João de Andrade Corvo (interino) José Maria do Casal Ribeiro (2.ª vez; continuação) Conde de Ávila (3.ª vez) Carlos Bento da Silva (interino) Marquês de Sá da Bandeira (interino) Carlos Bento da Silva (interino; continuação) Marquês de Sá da Bandeira (3.ª vez; interino) José da Silva Mendes Leal Duque de Loulé (interino) José da Silva Mendes Leal (continuação) Duque de Saldanha (3.ª vez; interino) Marquês de Ávila (4.ª vez; interino) Carlos Bento da Silva (2.ª vez; interino) Marquês de Ávila (5.ª vez; interino no final) João de Andrade Corvo António Serpa (interino) João de Andrade Corvo (continuação) António Serpa (interino) João de Andrade Corvo (continuação) Marquês de Ávila (6.ª vez; interino) João de Andrade Corvo (2.ª vez) Anselmo José Braamcamp António Rodrigues Sampaio (interino) Miguel Dantas (interino) Ernesto Hintze Ribeiro (interino) António Serpa Ernesto Hintze Ribeiro (interino) António Serpa (continuação) Ernesto Hintze Ribeiro (interino) António Serpa (continuação) José Vicente Barbosa du Bocage Henrique de Barros Gomes (interino) Ernesto Hintze Ribeiro (3.ª vez) José Vicente Barbosa du Bocage (2.ª vez) Conde de Valbom António Costa Lobo António Aires de Gouveia Francisco Ferreira do Amaral (interino) António Aires de Gouveia (continuação) Francisco Ferreira do Amaral (interino) António Aires de Gouveia (continuação) Francisco Ferreira do Amaral (interino) Ernesto Hintze Ribeiro (4.ª vez) Frederico Arouca Ernesto Hintze Ribeiro (5.ª vez) Carlos Lobo de Ávila Ernesto Hintze Ribeiro (6.ª vez; interino) Luís Pinto de Soveral Henrique de Barros Gomes (interino) Matias de Carvalho e Vasconcelos Henrique de Barros Gomes (2.ª vez) Francisco da Veiga Beirão (inicialmente interino) João Arroio Fernando Matoso dos Santos (interino) Venceslau de Lima António Eduardo Vilaça Venceslau de Lima (2.ª vez) Luís de Magalhães Luciano Monteiro • Venceslau de Lima (3.ª vez) João de Alarcão Carlos du Bocage • António Eduardo Vilaça (2.ª vez) José de Azevedo Castelo Branco

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